domingo, 5 de abril de 2009

Expressão pessoal?


O que antigamente era visto de forma preconceituosa como atitude de rebeldia com direito a reprovação, é hoje aceite (ou pelo menos deveria ser), pela sociedade com naturalidade como forma de adereço, de expressão pessoal, de estilo, de bem-estar. Formas que foram e são utilizadas noutras culturas, por outros povos sem nunca significar menos dignidade, apenas uma questão cultural.
Tudo depende realmente da inteligência de cada um de saber usar as modas, neste caso específico, os piercings - quando não haja perigo especial para a saúde.

A questão é que os adereços não fazem a pessoa, tal como a roupa que se usa ou a música que se ouve e, por consequência, ninguém é mais nem menos que outro alguém por determinada atitude que toma perante o seu corpo.
No entanto, uma grande parte das pessoas cresce num seio em que lhes é ensinado que "gostos não se discutem" o que faz bastante sentido e seria uma excelente ideia se não vivêssemos num mundo de aparências em que se um determinado indivíduo ouve Heavy Metal não existe qualquer mal, mas se por acaso cai na loucura de se expressar fisicamente como fã desse estilo musical já tem direito a fazer companhia a Jesus Cristo na Cruz. Ou seja, hoje em dia o que fazemos não importa, a nossa inteligência não interessa, a nossa personalidade e os nossos valores muito menos, se não agimos consoante o resto da humanidade ou pelo que esta espera de nós.

Algo que é bastante criticado são as modas, o facto de as pessoas andarem todas iguais e a verdade é esta: não se pode dar literalmente um "pum" neste Globo Terrestre que vem logo uma cambada de mongos intoxicar o restante ar puro. Qual é então o mal de se querer ser diferente, de se ambicionar uma forma de expressão através de um adereço menos usual? Será que vem com adereços contagiosos de criminalidade ou de toxicodependência? Ou então, será tão perigoso como a barra de ferro que atravessou o lobo frontal de Phineas Gage alterando-lhe completamente a personalidade ao ponto de "Gage deixar de ser Gage"? Define as nossas atitudes ao ponto de ser reprovável? E que é feito da personalidade e do direito ao estilo próprio? Elucidem-me por favor!!

12 comentários:

zeer disse...

A minha namorada adora metal e veste-se de uma forma que certas pessoas (retrógradas e/ou preconceituosas) olham de lado na rua. Eu adoro hip-hop. Para algumas pessoas, isto é, à partida, um fracasso, porque para algumas pessoas aquilo que se gosta e aquilo que se veste fazem a pessoa, e moldam a sua personalidade. Mas isto é digno de uma mente (muito) distorcida pela nossa sociedade, pelos media e pelo preconceito. A personalidade de uma pessoa é única, e não depende de gostos musicais ou de estilos de roupa, nem tão pouco faz o mínimo sentido catalogar pessoas como pertencendo, e comportando-se como certos grupos, com base apenas no aspecto.

Generalizar é ser ignorante!

renato disse...

como e' obvio, acho que e normalissimo usarem-se esses adereços, denominados piercings. sou da opiniao, que se tu gostas, tu usas, nao interessa se te vao criticar e/ou apontar o dedo. o corpo e' teu, a vontade e' tua, e alem disso nao ha' mal nenhum em ter-se um, dois ou ate' mais piercings. so, be my guest & use it all the time.

Vanda Mª Madail Rafeiro disse...

Pois, a “cota” da tua Tia decidiu comentar o teu post! Como tu, sou de opinião que este tipo de coisas depende do gosto de cada um e da sua inteligência e bom senso; no que se refere especialmente aos “piercings”, desde que não provoquem mal-estar ou problemas de saúde … pois não vejo qualquer inconveniente.
As modas vão e vêm… nós, os ditos adultos e mais velhos, tivemos as nossas no nosso tempo e também passámos por críticas e incompreensões… são fenómenos que se repetem pelos tempos, apenas se diferenciando nos detalhes.
E se o mal do nosso mundo actual fossem os “piercings”… que bom seria….

Di disse...

Enquanto houver pessoas como tu que questionam o que é mais fácil não questionar ainda há esperança que o mundo mude.. é pena é sermos poucos, a mudança assim é lenta, mas nada é impossível..
Acho que ser-se diferente assusta os que não tem uma personalidade suficientemente vincada, os que vivem atrás dos outros.. Por isso é que existe tanta gente 'assustada'..

:)

Mini disse...

que texto mana ;)
tou contigo pah, props

m. disse...

sim, tens razão. actualmente importa mais o 'pacote' do que o 'conteudo'. eu orgulho-me de nao gostar de fazer parte de uma prateleira cheia de pacotes iguais, e irrita-me solenemente quando as pessoas nao aceitam as diferenças (já que a maior parte delas, quando perguntas o porque de nao gostarem, se justifica com 'porque sim'). antes de se julgar algo, deve-se conhecer, e depois disso é que podemos formular uma opiniao, positiva ou negativa, nao importa. o importante é que ninguém se informa, portanto é como se a minha belissima teoria perdesse a veracidade. já que a net agora é um 'espaço' para tudo, que tal deixarem de usar o google para pesquisar merda e começarem a procurar as origens de casa estilo/modo de vida que nao gostam e nao aceitam, vao ficar surpreendidos com as 'raizes' que sao muito mais construtivas do que a mentalidade adidas e timberland que existe nos nossos dias. no fundo, os prototipos é que são demode :b beijinho

m. disse...

ah, e quanto às questoes dos piercings, nao gostava de ver em mim primeira porque já tive e segundo porque nao tenho coragem de fazer mais nenhum, mas gosto de ver e aceito isso com a maior naturalidade. este tema tem muito que se lhe diga, já que os piercings tem um passado historico, a um nivel incalculavel, por todo o mundo :b

Joana (Francisco) disse...

Concordo plenamente com o que disseste, acho que é uma forma de nos caracterizarmos, de nos tornarmos diferente dos outros.. O problema é que muitas vezes tornamo-nos diferentes (pensamos nós) e o resto critica (ou não) e vai fazer o mesmo, e quer fazer o mesmo, e ambiciona fazer o mesmo.. fazendo perguntas estupidas do genero: 'Hm e o teu pai/mãe deixou?', 'Eu não era capaz'. Mas, na realidade isso é uma forma 'invejável' de querer fazer o mesmo.. De querer ser diferente, de se mostrar diferente.. Mas, ao fazer porque o 'outro' tem não passa nada mais, nada menos de que uma forma estúpida de se emancipar.

Beijinho.

mareiro disse...

li o teu texto com uma enorme atenção, por vários motivos. o que diferencia o homem animal, dos outros animais? a razão e o exercício da liberdade, a faculdade intelectual que lhe permite decidir em face das razões. e aqui surge o choque entre as razões da ordem instituída, e as razões da nossa personalidade, enfim, da nosa razão. que seria do homem sem o génio da afirmação do conhecimento, da afirmação da personalidade. que seria da humanidade, se o homem não tivese a coragem de lutar pelos seus ideais? que seria do homem se tivessem silenciado galileu, copérnico, keppler, pasteur, os irmãos wright, einstein e tantos outros que, ao afirmarem a sua diferença, fizeram com que o sonho que encerravam em si, se estendesse a todos. a afirmação da personalidade é um direito que a paternidade tem de reconhecer. os passarinhos crescem nos ninhos, todavia, um dia, voarão e estarão entregues a si. o que fizeram os pais? ensinaram a voar e o voo é uma maravilha. porém, as asas não são feitas de cera como as de ícaro. é a repressão cega que fabrica as asas de cera... chega?
e eu voo com asas de metal, mas sempre voei, mesmo na irreverência de idades já longínquas.
sabes o que é realmente importante? é a firme capacidade de separar o trigo do joio. eu aposto que sabes fazer esse importante e imprescindível joeirar. nunca abdiques da tua inteligência, nem da massa crítica que ela gera.

O teu melhor amigo disse...
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lucy disse...

isto é tudo muito bonito quando adoptam um estilo "alternativo" simplesmente por ser diferente. A verdade é que a maior parte das pessoas que se tenta afirmar através do estilo não sabe a história, a origem, as causas que deram inicio a esse mesmo estilo. Eu tenho um estilo diferente do dito normal. Sou rockabilly e tenho imenso orgulho nisso. Não me tornei rockabilly de um dia para a noite nem muito menos tentei chamar à atenção através desta mudança. Acho piada às miudas de hoje. Vestem-se de preto, pintam os olhos, usam correntes e roupas com a marca branca "tokyo hotel". Para elas isto é um estilo, tem uma historia e tem significado. Pois deve ter, "o Bill usa e é todo bom portanto eu vivo em alguidares de baixo e se me vestir como o bill ele vem cá dar um concerto, conhecemo-nos e depois acabamos casados". Meu deus! E é assim a mentalidade dos jovens da actualidade. Se és do hip-hop acho muito bem, desde que não sejas um miudo mimado, rico e tenhas a mania que és gangster só porque a tua mãe te manda ir para a cama as 21h e tu vais as 22h! Agora falando a sério, a sociedade é injusta e reprime aqueles que de alguma forma são considerados "freaks". Já este ano tentei procurar emprego em coimbra e uma das razões que nao conseguia um lugar foi exactamente os piercings e as tatuagens. É ridiculo. Não sou menos nem mais do que as outras pessoas e questiono-me, serei eu a diferente? afinal o que é ser normal? O que quero dizer é, primeiro não digam que são metaleiros, punks, goticos sem saber de antemão as origens do estilo, as razões da sua existencia, porque parece que está na moda ser diferente mas o que está verdadeiramente na moda é ser-se original.

Laura Sarmento disse...

Devo confessar que nunca me interessei por saber qual o historial destes novos adereços que se colocam em todo o lado e mais algum do corpo. Para mim funciona de uma maneira simples, tal como as tatuagens; ou gosto ou não gosto, ou fica bem ou não fica, ou dá um ar estranho ou dá um ar simplesmente diferente. Não sei se é por seres minha filha, mas adquiri um grande defeito (talvez mais qualidade que defeito) que é pensar que além de seres possuidora de uma beleza que nada tem a ver com bonecas de porcelana, tens uma personalidade vincada e és realmente diferente. Como tal, respeito os teus adereços mesmo que de alguns não goste, até porque a minha idade me segreda que vais deixar de gostar de muita coisa que para ti agora importa e que depois deixa de fazer sentido. A vida é isso mesmo e tu sabes, se te lembrares o quanto gostavas da cor preta em tudo...lol...mas se assim mão fosse, esta passagem pela Terra também ficava sem piada nenhuma. Continua assim, Marta. Adoro-te. Mummy